domingo, 30 de agosto de 2009

Ângulo agudo

Ângulo agudo,
o vejo;
solo de tábuas frias e falsas.

Pés calçando meias tornam a cena patética.

Palhaço que sou de minha utopia,
rio de meus atos:
por meio de pensamentos,
observar sonhos transparentes.


Enjaulados no edredon sobre a cama
voam pássaros estampados.

Há diferença entre tábuas, pássaros e eu,
trancado neste quarto?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Caderno com linhas mal preenchidas

Caderno com linhas mal preenchidas
letras perdidas consumindo tinta
a certeza da data incerta

O não saber como vim a estar aqui
escrevendo como pedra sem desejo

No entanto anseio
sim
anseio

Hibernar em vida
até nascer-me com asas
seguir este vento, sussurro
voz solitária que escuto
em meu ser, no escuro

E talvez, na meia-noite de minha prometida manhã
esquecer para sempre este caderno
e voar pesado como ser humano!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Não ouso me aproximar de você

Não ouso me aproximar de você
Trocamos apenas centavos de tempo.

Sou inumano
Desculpe, não sou de conversar
Apenas finjo escrever...

Peço a você
Suplico
Que me encerre.

Por favor
Que de mim
Me enterre.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Afinal, livre de

Afinal, livre de
pensamentos destruidores e tortuosos
que prenderam-me com grilhões de aço e cinza
Tarde-monotonia
só passou quando te vi.

Esperanças são
frutas das folhas de árvores, seus sorrisos
raízes que são suas conversas
flores e sementes que nascerão do nosso amor
e do nosso sexo
em outra tarde, que será cinza de águas e tempestade
que tudo será menos o monótona.

domingo, 23 de agosto de 2009

À vida...

À vida...
foi questionado:
e aquele jovem
que escrevia rabiscos e queria ser poeta,
que houve?

À vida...
pergutaram-na:
e aquele menino, enquanto criança,
que sorria e via Deus em tudo
que fim deu?

À vida...
alguém disse:
sabe daquele homem
que morreu só,
que viveu só também?

Perguntaram-na mais muitas coisas
a respeito daquele
que certa vez viajou de carro na chuva
e sentiu-se como poeira, pedra e nada...

Sabe desse sentimento, vida?
Sabe desse homem?

E a vida, como faz a todos que questionam,
apenas disse:
Quem?

domingo, 16 de agosto de 2009

O que é a ciência

O que é a ciência
Quando comparada ao olhar para uma estrela?
Nada, a ciência não é nada
Quando comparada ao olhar para uma estrela.

Uma estrela,
E ao lado desta, uma outra estrela
Pode-se ver uma linha perfeita
E também um triângulo (mais uma estrela)
Triângulo retângulo
Nenhum cientista pode calcular em números a área
Nem a beleza deste triângulo.

Olhando para estas três estrelas
Eu compreendo toda a ciência que importa
A que está dentro de mim lá no alto do céu.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Estar-se sentado

Estar-se sentado
Testar-se
Nesta cadeira de todos os dias
Nesta aparente vida sem fim
Nesta sequência de não acontecimentos

A bebida gelada sobre a fria mesa
O coração cinza e férreo pela falta de algum sentimento

Não me lembro mais o que é ser gente
Das normais

Como fazer para chorar? para sentir?
Como fazer para me levantar?
Testar e arriscar
Perdas de tempo, que sejam...
Outras cadeiras, outras bebidas
Outros sentimentos e corações

E, quem sabe, no meio disso tudo
encontre pra mim uma vida nova.